Vamos falar de Coringa 2? Vamos! Muito se falou, muito se criticou, muitas opiniões saíram e as críticas negativas cresceram. Mas, se vocês me acompanham por aqui sabem que eu gosto de dar minha própria opinião nas coisas. Algumas críticas disseram que muita gente achou o filme ruim porque não entendeu o propósito do filme. E sinceramente eu fiquei confusa sobre qual o propósito do mesmo. Se no primeiro, vemos como Arthur Fleck se tornou o Coringa e quanto de seus problemas afetaram sua saúde mental, aqui neste segundo filme tentam desmontar tudo que foi criado no primeiro.
A primeira sensação que tive é que o filme é muito arrastado, demora demais pra acontecer algo. E antes que digam, eu já sabia que era musical e até gosto de musicais se bem executados e nesse caso não creio que tenha sido. Perdi as contas de quantas vezes estavamos em um dialogo com os personagens esperando algo acontecer e música. Outra cena expectativa: Música. Outra cena com expectativa: música. É muito exaustivo e frustrante até pra quem gosta de musical. Normalmente em filmes musicais, as músicas estão ali com um propósito e algumas das músicas desse longa simplesmente não se encaixam. É uma jogada de delírio pra lá, outra pra cá e muitas vezes sentia que era só pra mostrar um pouco mais da lady gaga cantando. As músicas tinham que se encaixar nas cenas sem que o espectador percebesse e aqui não acontece isso, não há fatos que liguem certas músicas e fica bem chato assistir isso. Uma hora cansa.
Quanto ao roteiro, obviamente aqui queriam desassociar a imagem do Coringa e do Arthur Fleck dizendo que eles eram duas pessoas completamente diferentes. Só que colocando o personagem neste enredo ele me parece apenas um coitado frágil, que sofreu muitos traumas e se vestiu de palhaço para confrontar alguns desse medos em surtos de raiva. Inclusive, durante quase todas as cenas do julgamento os pontos se baseiam nisso. De que o Coringa não existia. Que Arthur Fleck era doente. Só que a popularidade do personagem com o povo de Gotham se deu justamente por ele vestir esse personagem e se comportar como um maluco psicótico. E quando ele se desfaz dessa imagem o que acontece? Muito caos.
Vamos falar da Arlequina da Lady Gaga? Eu amo a Lady Gaga e gosto do trabalho dela como atriz. Tenho certeza que se o roteiro escolhesse outro caminho de aprofundar de um lado mais sombrio a relação dela e do Coringa sem muitas modificações ela seria brilhante. Porém, aqui isso não acontece. O nome Arlequina é usado somente por usar. Ela não é a arlequina dos quadrinhos em nenhum aspecto. Ah, mas o intuito não era parecer que ela fosse dos quadrinhos. Concordo. Mas, o que pareceu é que ela foi mal aproveitada. Aqui, eles apresentam uma personagem com apenas um intuito: manipular o Coringa. O coringa. Porque ela não queria saber nada do Arthur Fleck e estava obcecada pelo personagem que ele criou.
No longa, ela entra no sanatório voluntariamente, mente, manipula para que ele faça coisas doidas e estimula que ele continue com esse personagem usando de argumentos para que pareça que o que ele fez não foi errado. Ela quer o personagem psicótico que faz tudo que quer. Em nenhum momento consegui enxergar ela como arlequina, em nenhum mesmo. Se não mencionassem o nome do filme, eu ia achar que seria um outro nome qualquer e sinceramente? Acho que seria até mais coerente. Porém, como se trata de um filme da DC que não é diretamente ligado aos quadrinhos e não se baseia neles fica um pouco confuso de qual seria o objetivo desse longa.
Neste longa, Arlequina é rica, psiquiatra, mentirosa e acima de tudo MANIPULADORA ao extremo. Dá pra ver que ela quer levar o Arthur a momentos explosivos e torna-lo definitivamente o Coringa. Não há uma profundidade na relação dos dois. O Arthur me pareceu aqueles bonequinhos inocentes que podem ser facilmente manipulados já que com meias palavras da Lee ele acreditava nela facilmente. Os dois se envolvem em uma relação de delírio, com fantasias e números musicais que expressam o que ela realmente queria: caos, matança e que Arthur fosse o Coringa destruidor.
Quando isso não acontece, a Lee simplesmente abandona ele. Do nada. Passa a não ligar mais, não se importar mais e ai nesse momento eu senti uma certa pena do Arthur. Ela estava fascinada pelo coringa e não pelo Arthur. Então, tudo entre os dois foi uma fantasia muito manipulável por parte dela beirando ao delírio já que o Arthur já fantasiava muito antes de conhece-la. Creio que ele usou do Coringa pra explanar o ódio que sentiu das pessoas que o menosprezaram, que não o ajudaram, que abusaram dele e riam dele. Mas, neste longa vemos que talvez não seja o que ele realmente quer. Me pareceu mais complexo nesse contexto, porém confuso sobre o qual objetivo do longa. Era humanizar o coringa? Era dizer que o coringa era uma forma de extravasar?
Ficaram muitas perguntas pra mim, justamente pelo primeiro filme. Aqui, revivem muito do primeiro e insistem em um contexto humano pra ele. Quanto ao final? Confesso que eu não esperava, mas achei condizente com o roteiro do filme. As atuações são sim muito boas, e entregam aquilo que o roteiro pede. Não há muito o que falar sobre.
Resumindo? Se você espera um filme fiel dos quadrinhos não vá assistir. Se você não curte musicais, não vá assistir. Se você não tem muita paciência, não vá assistir. Se você espera um coringa psicótico e um arlequina em um relacionamento abusivo, não assista. Se você espera algo como o primeiro também não assista. Poderia ter sido bem melhor desenvolvido, roteirizado e perdeu trunfos fortes como a Lady Gaga podendo aprofundar a relação abusiva dela com o coringa, mas o que nos mostrou foi um coringa frágil, manipulável e até digno de pena por tudo que passou. É isso. Como diz o nome, realmente é um delírio a dois, mas muito, muito confuso.
0 comentários.:
Postar um comentário