Livro: O Desaparecido
Autor: Dror Mishani
Ano: 2016
Páginas: 296
Editora: Companhia das Letras
Nota: 3,5 de 5
Livro cedido em cortesia pela editora
Começo essa resenha totalmente surpreendida pela premissa desse livro. Primeiramente por causa do gênero que aborda uma temática de suspense e policial. Acredito que vocês repararam pelas minhas resenhas que eu não costumo ler muitas coisas policiais/suspense e não é nem por não gostar já que comecei a ter esse hábito recentemente. Antes de começar a falar do livro, como é de costume vou fazer um breve resumo do livro pra vocês: A história gira em torno basicamente de um suposto desaparecimento. Ofer, um jovem quieto, sem muitos amigos e aparentemente normal desaparece da casa de sua família e sua mãe preocupada, vai até a delegacia prestar queixa. O experiente detetive Avraham Avraham ( já vamos falar dos nomes mais pra frente) aconselha a mãe a ir pra casa e esperar o filho retornar já que isso é o que acontece com quase todos os casos. Mas dessa vez, a coisa toma um outro rumo. Quando o detetive percebe que o jovem Ofer não voltará pra casa, ele inicia uma investigação pesada para saber o que aconteceu com o adolescente, porém quanto mais ele tenta avançar menos ele sabe. O jovem parece ter simplesmente desaparecido sem deixar rastros. Do outro lado, temos Zeev Avni, morador do mesmo prédio que Ofer e professor que deu algumas aulas particulares para o mesmo. Uma ligação estranha de Zeev com Ofer é estabelecida já que o mesmo parece estar muito interessado no caso. O detetive precisa ligar os pontos com as pessoas que conheciam Ofer, então ele tenta conseguir alguma coisa de sua mãe, seu pai e o ex professor do adolescente. Mas quando as coisas parecem tomar uma direção e ele pensa que vai descobrir o que houve, Avraham percebe que esse desaparecimento vai ser um dos seus casos mais complicados.
Vou começar dizendo que essa leitura foi curiosa. Começando que o autor é de uma nacionalidade bastante incomum para os livros que são mais publicados aqui no Brasil: Israel. Só por ai você se pergunta como a história vai se desenrolar. Outro fato curioso é os nomes dos personagens. São nomes curiosamente estranhos e nada fáceis de se assimilar. Confesso pra vocês que senti um nó na minha cabeça muitas vezes enquanto estava lendo o livro já que se não tivesse alguma especificação de gênero ou ação, eu não saberia se estávamos falando de um homem ou de uma mulher e mesmo quando eu percebi isso, ficava difícil lembrar quem era quem sabe? O cenário em que o enredo se passa também é bem inusitado já que na maioria dos livros que lemos há um lugar de escolha comum ou lugares mais frequentes. Aqui temos dois cenários: Jerusalém e Tel Aviv. Por mais que a peculiaridade desses pontos tenha me causado estranheza vou afirmar que esses pontos se tornaram diferenciais nessa história. O autor sabe amarrar tudo de uma forma sólida. A leitura não é tão fluida como eu imaginava, mas também não é arrastada ficando assim em seu meio termo. Temos capítulos alternados na visão de Zeev e do detetive.
Uma coisa que eu amo e que tem que ter em livros policiais/suspense: reviravolta. Algo que você não espera, ou exatamente ao contrário, algo que você imagina, bola mil ideias e no final não é nada daquilo que você pensou. E isso acontece totalmente com esse livro, o que me pegou totalmente de surpresa porque conforme a leitura foi chegando ao fim, eu não esperava que o autor desse esse determinado rumo pra história. Óbvio que eu não vou contar o que aconteceu de verdade com Ofer, mas é algo que não se passou pela minha cabeça em nenhum momento da leitura. O autor sabe impor suposições e vai pincelando possíveis probabilidades para o desenvolvimento do jovem deixando o leitor curioso para saber o que houve e quando isso é revelado o pensamento que fica é " Não imaginava isso". A premissa do livro pode ser parecida com a de outros do gênero, porém o autor soube usar os personagens e abrir um leque de opções para se trabalhar e dar ao leitor apenas o que ele queria até que o final realmente chegasse. Pra finalizar, o autor deixa um ponto de dúvida aberto nesse caso já que nem tudo foi totalmente esclarecido. A narrativa é um pouco lenta mas os elementos desenvolvidos dentro da história entregam algo satisfatório para o leitor que deseja saber o que aconteceu ali. É um leitura recomendável para quem quer experimentar algo do gênero em uma escrita estrangeira curiosa e bem estruturada. Prepara-se para um final que pode te irritar ou te fazer ficar surpreso. Recomendo.
Quando um adolescente desaparece num pacato subúrbio de Tel Aviv, o detetive Avraham Avraham pensa que tem uma tarefa simples pela frente, como costumam ser os inquéritos na região. Todavia, após uma conversa com o professor do garoto, Avraham se vê embrenhado numa complexa e perigosa investigação, que o fará questionar sua própria ideia de violência. Especialista em literatura policial, Dror Mishani cria neste seu primeiro romance uma memorável aventura — um labirinto de pistas falsas e mentiras que conduzirá Avraham aos cantos mais sombrios da alma humana, e de onde ele não voltará o mesmo.
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