Eu estava certa do que sentia. Estava certa do que queria. Depois dos anos que se passaram, e de como tudo acabou entre nós sabia que estava fazendo a coisa certa. Quer dizer, eu sabia disso até o momento que decidi te encontrar de novo. Passado é passado eu já devia saber o que aconteceria. Eu já deveria saber que não se pode mexer com o que ficou pra trás. E olha o que aconteceu. Parece que estou revivendo uma sensação familiar, aquela que eu já tinha esquecido e superado faz tempo. Agora, estou aqui sentindo novamente aquilo que nem me lembrava mais. Estou aqui me lembrando de quanto tempo demorei pra superar e esquecer você. De quais foram os motivos que fizeram com que a gente não desse certo. Lá no fundo do meu ser, eu queria me convencer de alguma forma de que você havia mudado e que havia uma mínima possibilidade de sermos amigos. Quando olhei pra ti pela primeira vez em muito tempo e começamos a conversar, notei que aquela tinha sido uma péssima ideia. Reconheci aquele olhar que eu não via há muito tempo. Você esperava que acontecesse algo. E quando você me convidou pra ir a sua casa fui boba o suficiente pra aceitar e nem pensei no que poderia ocorrer.
Quando botei os pés lá, um punhado de lembranças me atingiu e antes que pudesse pensar você me empurrou em uma cama e começou a beijar meu pescoço. Eu neguei, me afastei, ameacei ir embora e repeti que não era assim que eu me sentia. E eu estava sendo sincera. Não sentia nada por ti. Então você me puxou pra perto e me aninhou nos seus braços, me apertou tão forte que eu senti um calor momentâneo dentro do meu peito. Começamos a falar do passado, das coisas que vivemos e um monte de coisas se misturaram dentro da minha cabeça. Você disse que o meu cheiro era o mesmo. Que sentiu saudade de mim em todos os sentidos e me fez lembrar de momentos que eu preferiria ter deixado escondidos dentro da minha mente. Disse que por mais que os anos passassem nunca esqueceria de mim e que nunca conseguiu se entregar com ninguém depois de nós. Relutei conversando internamente comigo mesma. Não podia me deixar levar por isso. Não podia me fazer passar pelo mesmo. Você me disse pra parar de pensar, pra curtir o momento e toda oportunidade que tinha queria me beijar. Neguei e neguei. Eu não queria me deixar levar pela carência. Não queria me deixar levar pelas lembranças. Mas eu devia saber que era inútil. Devia ter levantado e ido embora. Mas fiquei.
Fiquei porque há tempos não sentia aquele carinho. Não sentia aquela proteção que senti quando você se aninhou em mim há tempos e eu precisava disso. Então eu soltei lágrimas ali mesmo tentando ao máximo conte-las. Você beijou minha testa e repetiu que estava tudo bem, afirmou que eu poderia contar contigo. E em algum momento que eu nem lembro qual eu me deixei levar. Eu estava cansada de me sentir sozinha. Você veio rapidamente em direção aos meus lábios e a intensidade foi tanta que eu nem consegui evitar. Você me beijava com muito desejo e era bom me sentir desejada daquele jeito. Na minha mente eu pensava " o que estou fazendo?" mas eu me deixei aproveitar aquilo porque sabia que não aconteceria de novo. E eu estava certa. Me lembrei de todos os momentos bons, me lembrei de como era intenso, e de como nos apaixonamos fortemente um pelo outro. Afinal, você foi o primeiro. O primeiro namorado. O primeiro homem. A primeira paixão da minha vida. Eu não poderia te esquecer nem que quisesse. No fundo, acho que eu queria acreditar que podia contar com alguém, contar com você. Quando nos despedimos você em meio a um momento, me pediu para dar uma nova chance para nós. Não respondi e durante todo caminho você pegou em minha mão entrelaçando seus dedos nos meus. Era como antes. Eu suspirei completamente perdida. Agora, as coisas tomaram o mesmo rumo do passado.
Algo aconteceu, seu comportamento mudou e você me tirou da sua vida sem nem mesmo ter entrado direito. Me deixou sozinha no momento mais frágil da minha vida. Exatamente como antes. Foi então que eu percebi que você não tinha mudado nada. Foi então que eu percebi que as coisas não poderiam ser diferentes. Você voltou e surgiu novamente do nada em minha vida. Eu evitei por tanto tempo mas abri a porta e quase te deixei entrar por completo. Agora, tenho que ser forte de novo. Agora, tenho que superar e esquecer de novo. Fiquei com um punhado de palavras vazias, uma nova lembrança e um arrependimento no peito. Deixei uma lágrima cair. Não por você, mas por mim. Estou me odiando agora. É isso que dá mexer no passado. É isso que dá achar que as coisas podem mudar. Tenho que lidar com as consequências das minhas escolhas. Por que você não deixou como estava? Eu já devia saber. Eu devia ter prestado melhor atenção nessa lição.
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