Resenha de Livro: A Lista Negra



Livro: A Lista Negra
Autora: Jennifer Brown
Ano: 2012
Páginas: 272
Editora: Gutenberg
Nota: 5 de 5

Esse livro estava na minha lista há tempos devido as muitas críticas positivas que já li sobre o mesmo o que aguçou ainda mais minha curiosidade. Já faz um tempinho que tive a oportunidade de comprar o livro mas passei outros títulos na frente e só consegui dar a devida atenção para o mesmo atualmente. Antes de falar as minhas considerações temos que falar do enredo como sempre fazemos em resenhas. Um aluno abre fogo contra vários estudantes em um colégio. E a vida de todos muda depois disso. Valerie é mais atingida. Nick, o atirador e causador da tragédia seu namorado, seguia uma lista denominada de Lista Negra onde ele e Valerie colocaram o nome de várias pessoas que os atormentavam ou tinham chateado eles por algum motivo. 

E naquele dia, Nick resolveu levar a lista a sério executando o maior número de pessoas possível. Valerie se arrisca para salvar uma garota e sobrevive com apenas um tiro na perna sem entender porque Nick fez aquilo e se matou. Agora, ela precisa enfrentar as consequências da tragédia, as suposições, os ataques e as críticas das pessoas que ainda a acham cúmplice ou culpada pelos ataques de Nick. 

O mais interessante desse livro é ver a perspectiva da situação como um todo. A autora foi bem inteligente e desenvolveu uma trama com um assunto que não é nada delicado colocando os pontos certos e os desenvolvendo de uma maneira envolvente mas ao mesmo tempo consciente. Incidentes de casos envolvendo alunos ressentidos com bullying, ou alguma mágoa e raiva escondidos que os levam a abrir fogo em lugares públicos ou escolas é mais comum lá fora do que aqui no Brasil. O modo como a autora dividiu os fatos também foi bem interessante, já que o livro é dividido em 4 partes e cada uma delas complementa a outra apesar de serem em tempos diferentes e não em ordem cronológica. 

O foco principal obviamente é o bullying e apesar de eu já ter visto e lido várias histórias provocadas pelo mesmo esse livro foi bem diferente. A coisa aqui é bem mais séria. Dá uma angústia pelos personagens, pela situação e pela Valerie também. No começo a gente pode até pensar em ter raiva dela, mas conforme a história vai passando você consegue entende-la melhor e até ter compaixão por ela porque afinal era uma raiva boba que ela tinha de pessoas que a chateavam em que ela transformou em uma lista que não achava que seria real. As passagens dos capítulos são dadas por trechos do jornal da escola em que há relatos de algumas vítimas, estudantes e familiares. 

Poder ter uma noção da visão de alguns personagens dentro da história ajudou muito a compreender como as pessoas se sentem em determinadas situações e como os jovens lidam com o bullying. A descrição da tragédia, o modo de espanto de Valerie de não saber que Nick faria algo assim e tudo que acontece depois para que ela possa superar. Eu me coloquei no lugar dela várias vezes, sendo julgada e criticada ou taxada como a namorada do cara doido que atirou em vários da escola. Achei a Valerie bem mais corajosa que qualquer outra pessoa em conseguir voltar a escola depois de tudo aquilo. Todos a achavam culpada ou pelo menos em parte achavam. Até sua família. Sua mãe vivia desesperada achando que ela cometeria suicídio. Seu pai mal ligava para as coisas e assim as coisas iam. Eu tive compaixão por ela e por mais que quisesse odiar o Nick em certo ponto até compreendi seus motivos por mais que não concordasse com ele. É um livro intenso, que aborda o bullying de uma outra perspectiva mais dramática e bem mais séria mas que ao mesmo tempo abre os olhos e mostra as pessoas o que acontece com certas pessoas que são vítimas desse tipo de brincadeira. É pra pensar, refletir e admirar. A autora faz isso com excelência de uma maneira muito bem escrita e desenvolvida.








"Em um dia péssimo para mim, tudo o que eu queria era devolver o mal para cada um daqueles que estavam estragando o meu dia. Então, tive a ideia de escrever seus nomes em um caderno, como se aquele caderno fosse uma espécie de boneco de vodu ou coisa parecida. Acho que sentia que anotar seus nomes no caderno provava que eram imbecis e que eu era a vitima". - Valerie

"Eu soube que estava me apaixonando por ele, por aquele garoto de roupas surradas e mal-encarado, que sorria de um jeito tímido e citava Shakespeare de cor". - Valerie

"E foi assim que começou a famosa Lista Negra: como uma piada. Uma forma de descarregar a frustração. No entanto, ela acabou se transformando em algo que eu nem imaginava" Pág. 85

"E eu passava cerca de uma hora, meu quarto ficando escuro, pensando em que diabos tinha acontecido para me tornar tão incerta sobre até mesmo quem eu era. Por que "quem você é" deve ser a pergunta mais fácil de ser respondida, certo?"





E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse? E se o assassino fosse alguém que você ama? O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying contra os dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. Agora, ainda se recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas. A lista negra, de Jennifer Brown, é um romance instigante, que toca o leitor; leitura obrigatória, profunda e comovente. Um livro sobre bullying praticado dentro das escolas que provoca reflexões sobre as atitudes, responsabilidades e, principalmente, sobre o comportamento humano. Enfim, uma bela história sobre auto-conhecimento e o perdão.





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