Resenha de Livro: Neve Negra

Livro: Neve Negra
Autor: Santiago Nazarian
Ano: 2017
Páginas: 248
Editora: Companhia das Letras
Nota: 3,5 de 5


Neve Negra é um livro que me deixou com um completo nó na cabeça. Acabei o livro ainda tentando entender o que estava acontecendo. Mas antes de falarmos sobre o livro em si, como é de costume vamos falar do enredo não é mesmo? Bruno Schwarz é um artista plástico renomado que vende seu trabalho de forma constante com viagens quase todo tempo. Sua mulher e seu filho pequeno de 7 anos vivem sozinhos em uma cidade fictícia extremamente fria a qual ele retorna de uma viagem em uma noite. O que ele pensa ser uma noite tranquila se tornará algo cada vez mais estranho que remete a perguntas sobre seu filho, sua mulher e a sua vida em geral. Afinal, o que estaria acontecendo ali?

Esse livro é perturbador. Simplesmente é. Em nenhum aspecto você consegue ler o livro e pensar " não senti nada". Já disse em alguns filmes que assisti e resenhei por aqui, mas quando a leitura começa você pensa que o autor vai conduzir a história por um caminho mas acaba indo para outro completamente diferente. Da metade pro final você ainda não está entendendo o que acontece mas quer continuar justamente pra tetar entender o que há, o que vai acontecer. A narrativa do autor te deixa confusa, com expressões estranhas no rosto e se perguntando o tempo todo sobre o que está havendo na história. A narrativa é estranha, bizarra e os acontecimentos seguintes só te fazem querer ainda mais um esclarecimento. Mas o autor segura isso até o último momento e só fornece uma explicação bem pro final. E é aquele tipo de explicação que você ainda não compreende, você termina o livro simplesmente com a sensação de que falta algo ali na narrativa. A atmosfera do livro e o jeito de conduzir a história me lembrou os filmes "Mãe!" e " Corra!". 

Ambos tem toda essa mesma atmosfera, com um ritmo intenso que causa uma estranheza grande já que o autor vai fornecendo apenas algumas pinceladas e trabalhando muito bem os pontos que necessitam de mais atenção construindo uma sensação bizarra de thriller psicológico. Você não sabe se o personagem está enlouquecendo, se está tendo alucinações, se está sendo perturbado por algo. Em uma das páginas as coisas começam a correr de um modo, você passou pra página seguinte as coisas já mudaram. Você se pergunta mais uma vez " o que está acontecendo?" e não consegue responder essa pergunta. A narrativa é fácil de ser lida, é intensa e sob a perspectiva de um artista plástico que não dá nenhum valor pra família, duvido o tempo todo do filho e da paternidade do mesmo, se pergunta sobre a esposa e sobre as pessoas ao redor e vai enlouquecendo aos poucos com essa confusão. É um clima tenso e muito agoniante já que o autor faz com que você queria desesperadamente entender o que está acontecendo com o personagem, sua família e as coisas ao redor. 

A narrativa se alterna também com flashbacks onde é mostrado momentos do mesmo com a família, seus pensamentos profundos e já bem incomuns e estranhos com a arte. O livro é uma loucura. Não condiz com a lógica, segue um rumo desgovernado, abusa da estranheza e do clima tenso nos entregando uma história muito diferente e interessante de ser apreciada. Uma história que cutuca, incomoda, confunde, dá a sensação estranha enquanto está lendo e que te deixa sem saber do que exatamente se tratou mesmo no final. Recomendo pra quem curte livros diferentes, com uma pegada de thriller psicológico, suspense e um pouco de loucura. Ah, vale lembrar que o autor é nacional, bem talentoso e com uma proeza enorme.





Na noite mais fria do ano, na cidade mais fria do Brasil, um pai de família volta para casa. Pintor de sucesso, passa boa parte de seu tempo em feiras e exposições no exterior. E na sua cidade natal, na Serra Catarinense, se depara com o inesperado.Enquanto a neve cai lá fora, sua família dorme. Mas quando seu filho de sete anos desperta é que começa um pesadelo que acabará com o aconchego do lar. Neste habilidoso misto de terror psicológico e drama familiar, o leitor se depara com paranoias e dúvidas ancestrais da paternidade. É também um raro registro da neve no Brasil, num romance no qual questões existenciais se mesclam com o humor negro de que só Nazarian é capaz.



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