Texto: Brincando com as palavras

Ainda não descobri se não sentir raiva ou mágoa de alguém é algo completamente bom. E olha eu não consigo. Sou incapaz de odiar tanto alguém, sou incapaz de não perdoar ou de não dar outra chance. Mas calma lá, isso depende muito de quem se fala ou das perspectivas da situação. O problema é que isso me prejudica em diversas situações da minha vida. Por exemplo, se eu tivesse raiva de você não teria nem sequer cogitado trocar novamente mais nenhuma palavra contigo. Pelo simples motivo de você nunca ter merecido. Mas isso foi o bastante pra mim? Claro que não. Já tinha deixado a mágoa pra trás e a raiva tinha desaparecido. Azar o meu. Você passou pela minha vida e desde que surgiu deixou um tipo de buraco no meu peito que eu tentei arduamente preencher. Com várias coisas, momentos, lembranças, sensações e sentimentos. Por alguns momentos até consegui, e me senti feliz por isso. Só pra depois essa felicidade ir embora e eu perceber que o vazio continuava aqui. O buraco ficava cada vez mais enorme. Eu não sei o que você fez. O que exatamente causou isso. Só sei quem tem apenas um responsável: você, meu querido. 

Pode soar completamente exagerado mas você me destruiu. De verdade. Eu demorei pra perceber que não era mais a mesma depois que você passou pela minha vida. Demorei pra entender o que estava acontecendo e que me transformei radicalmente por sua causa. Sai em busca de algo que eu nem sei bem o que era. Algo que pudesse me fazer sentir, acelerar o coração, trazer nervosismo, me fazer rir bobamente ou que me fizesse suspirar. Não consegui. Acho que nem cheguei a encontrar metade disso. Você me fez ser mais exigente. Mais cheia de proteções, muros e defesas. Me fez desconfiar de qualquer palavra mais bonita ou mais fácil. Me fez ficar com medo de ser iludida, enganada e de ter o sentimento jogado ladeira a baixo. Brincou sem consequências como uma criança com brinquedo novo. Jogou as palavras, formou-as do jeito que bem entendeu e depois as desmontou como se nunca tivesse escrito. Deixando sair frases da boca pra fora em uma brincadeira infinita que me envolvia como uma teia poderosa. 

Suas palavras antigas e suas palavras atuais deram um nó na minha mente. Depois disso eu estava perdida em uma emaranhado de letras que nem sabia distinguir de qual tempo era. Qual delas poderia ser verdadeira ou falsa. Qual delas me machucaria mais. Me desculpa, mas a toda brincadeira tem um final. Nada dura pra sempre, nem mesmo as coisas que a gente ama e quer que durem eternamente. O fim chegou.  Não to mais disposta a te dar artifícios para que você invente uma nova brincadeira ou pense que eu posso cair na mesma. A trouxa aqui talvez tenha finalmente aprendido. Talvez a brincadeira agora seja outra. E seja a minha vez de brincar sozinha comigo mesma e bem longe de você. Parece que o jogo virou né não amore?

Dedicado a B.A.S

0 comentários.:

Postar um comentário



Topo