Eu olho pela janela. Não estou no alto de uma torre, mas sinto como se pudesse cair de uma altura grande. Não é um castelo que me aprisiona nem muito menos uma madrasta que me impede de sair. Minha pior inimiga sou eu mesma. Se pudessem ver a bagunça que está aqui dentro. Jogo essas tranças pra longe, e elas voam como cordas. Cordas que vão guiar o caminho até meu coração. Eu sou prisioneira do medo. Esse sentimento que faz querer evitar qualquer tipo de sensação forte, que possa quebrar meu coração em milhões de pedacinhos.
Eu nunca entendi porque sempre me colocaram nesse vidro de cristal. Sem deixar que eu percebesse como o mundo realmente é. Agora eu entendo que só queriam me proteger. Evitar que esse meu coração tão bobo se machucasse. Nunca perdi a esperança de encontrar alguém que não tivesse medo de encarar o grande medo que tinha dentro de mim. Será que seu cavalo se perdeu por ai? Está demorando demais a chegar. Espero que não me deixe esperando pra sempre.
Sempre inventos motivos para acreditar em coisas novas. Afinal, nem sei como lidar com isso. Olho novamente pela janela, e vejo o imenso céu azul diante de mim. Me apoio na beirada, e jogo as cordas ao longe esperando que você as alcance e suba por elas ao meu resgate. Ah, nos meus sonhos não me importo que você não seja um príncipe. Eu sou uma plebeia pra lá de esquisita. Não poderia ser uma princesa porque não me vejo como uma. Você poderia chegar a cavalo, de carro ou andando. Só preciso que apresse seu passo. Essas cordas estão estendidas por essa torre há tanto tempo. Muitos já chegaram até o topo e descobriram tudo que eu tinha de bom aqui dentro de mim. Alguns nem ao menos chegaram a alcançar o lugar mais valioso. Meu coração.
Só o verdadeiro saberá exatamente como chegar até lá. Quando te ouvi chamar meu nome, joguei essas cordas sem nem ao menos pensar. Então você subiu por elas. Encarou meus olhos sem hesitar. Me abraçando e cuidando de mim como uma pequena menina indefesa. De um jeito ou de outro era assim que eu me sentia muitas das vezes. Você saiu por essa janela, e achei que não fosse mais voltar. Então te vi chegar ao topo de novo, e tinha a certeza de que era aquele que eu sempre esperava. Você pegou em minhas mãos, e me fez ter coragem pra deixar de ser refém da torre que protegia meu coração. Me mostrou um mundo que eu não conhecia. Um mundo de outras formas.
Um mundo cheio de possibilidades. Apertando sua mão fui na direção que me levava, e pude sentir todas aquelas sensações que causavam a mistura perfeita. Seus lábios tocaram os meus. Depois disso eu não hesitei por nenhum minuto. Cortei as cordas. Destruí os pedaços dessa torre. Eu não precisava mais ser prisioneira. Eu tinha encontrado a liberdade e o sentimento mais lindo do mundo. Com você ao meu lado. A garota da torre mais alta, está livre e prontinha para amar. Sem mais cordas e nem torres altas. Só do jeito que tem que ser.
*Inspirado no conto da Rapunzel
Que texto mais lindo. Gostei de verdade, principalmente dos 2 primeiros parágrafos. Não sei porque gostei mais desses, mas me identifiquei um pouco em questão de medo mesmo. Não medos "comuns", mas medos internos e que como você disse no texto "prisioneira desse medo".
ResponderExcluirÉ a pior sensação do mundo...
Flor, gostei bastante do seu blog e estou te seguindo. Pode dar uma passadinha no meu? blog-colorfulsky.blogspot.com
Beijoos
Bonito :)
ResponderExcluirLove, Nina.